sábado, 9 de novembro de 2013


É certo, as coisas mudam, os sítios mudam, até as memórias mudam com o passar do tempo. Muda-se de casa, muda-se de cor preferida, muda-se de restaurante favorito, muda-se de roupa, muda-se de carteira. As coisas mudam mesmo. Não é de todo mentira. Mas se nós não mudarmos com elas, de nada importa a mudança. Se continuarmos a ser precisamente a mesma pessoa, mas em sítios mudados, habituamo-nos aos sítios e deixam de ser mudados, passando a ser os mesmos. A mudança foi praticamente em vão, igual a zero vírgula um por cento de resultado satisfatório. 
Por isso é que tantas pessoas defendem a tese de que as pessoas não mudam. De facto, as pessoas não mudam só porque estão num ambiente modificado ou numa vida modificada. As pessoas são as mesmíssimas pessoas que eram ou foram. O que mudou foi o ambiente à volta delas. Basta irmos por-lhes o dedo numa ferida antiga que elas reagem como antigamente. Basta voltar a po-las nos ambientes antigos que elas voltam a ser quem eram. Não se muda de um ano para o outro. Não se muda em dois anos nem três. Muda-se durante a vida inteira e às vezes, mas só às vezes, muda-se no momento de morte. 

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